Um elemento arquitetônico que ganhou presença maciça em meados do século XX, como composição da arquitetura modernista. Este estilo arquitetônico colocou o concreto como material fundamental e elementos como a marquise ganhou as fachadas das edificações da época.
E hoje com marquises com mais de 60 anos, sem manutenção e com usos muitas vezes inadequados, esses elementos são verdadeiras bombas relógios sobre as cabeças dos pedestres.
Centro comercial de rua em São Luis - Fonte - https://www.romanews.com.br/noticias/lockdown-na-grande-sao-luis-comeca-nesta-terca-feira/77944/
Mas qual o motivo da ocorrência de diversos colapsos de marquises? Por que será que não são observados os sinais de perigo a tempo? Qual o ponto mais perigoso que deve ser observado? São essas perguntas que vou ajudar você a esclarecer.
Bem, para entendermos a fragilidade na ruptura das marquises é preciso compreender o comportamento de uma estrutura isostática.
As condições de equilíbrio externo podem gerar uma estrutura hipostática, isostática ou hiperestática. E essa classificação é fundamental para as premissas de projeto e garantia da estabilidade da estrutura.
A física estabelece três equações de equilíbrio para considerar que uma estrutura está estática (parada). Para atendimento desta condição as somas das forças nos eixos X e Y e do momento em qualquer ponto, precisam ser zero.
Dessa forma, temos uma estrutura hipostática quando a quantidade de reações é inferior a quantidade de equação. A estrutura hiperestática é classificada quando as condições de equilíbrio superam as necessárias, ou seja, tem-se mais reações do que equações.
Já a estrutura isostática existe quando a quantidade de equação for igual a quantidade de reações. Ou seja, a condição de equilíbrio está perfeitamente estabelecida, sem “sobras” para manter o sistema estático. E é nessa condição que as marquises estão construídas.
Reações de apoio de uma estrutra em balanço
Ao analisar o digrama de momento fletor de uma marquise nota-se que o momento máximo se dá negativamente na ponta do engaste. Ou seja, é no engaste que temos a maior concentração de tensão que promoverá a ruptura pela face superior da laje.
Ao analisar o digrama de momento fletor de uma marquise nota-se que o momento máximo se dá negativamente na ponta do engaste. Ou seja, é no engaste que temos a maior concentração de tensão que promoverá a ruptura pela face superior da laje.
Diagrama de Momento Fletor de uma estrutura em balanço
Com a tensão de tração atuando na face superior da laje tem-se um ponto de fissuração em uma região de difícil percepção. Dessa forma, é comum que vegetação cresça no engaste por ser uma região com grande umidade, justamente pela evolução da fissuração e facilidade de penetração de agentes agressivos.
vegetação no engaste de marquise
E por se posicionar na face superior os usuários da edificação não percebem a evolução desta manifestação patológica, e muitas vezes o colapso chega antes da primeira intervenção.
Com o comprometimento do único elemento de apoio (o engaste) há a ruptura da estrutura, que ocorre de forma repentina, sem aviso prévio. Aliás, pode até haver aviso, mas ele se manifestará justamente no ponto de com dificuldade de acesso e visão. Por esse motivo deve haver um cuidado especial em inspeção de marquise para garantir a integridade das faces no engaste.
Fissuração na face superior do engaste
Outro cuidado muito importante é que durante serviços de manutenção o escoramento deve ser feito de forma a reduzir os momentos máximos e não haver a inversão dos esforços. É comum o escoramento ser feito apenas na ponta do balanço, fato que gera um momento positivo que, normalmente, não previsto durante o projeto e a construção da estrutura.
Escoramento inadequado
Para evitar esse feito, o ideal é ser posicionado múltiplas fileiras de escoras para reduzir os momentos máximos e mínimos e não submeter a estrutura a esforços não previstos. Ou a criação de uma escora em forma de portico, com dois apoios verticais e um apoio horizontal posicionado na parte inferior do da laje.
ordem da colocação das escoras ordem da retirada das escoras
Fonte - http://juarezdantas.blogspot.com/2017/01/cimbramento-e-descimbramento-de-uma.html
4 comentários para esse post