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Principais Trincas por Movimentação Térmica

Blog: Patologia da Construção
Principais Trincas por Movimentação Térmica

Bem, como foi visto no último POST sobre os efeitos e causas da Movimentação Térmica nos elementos da construção civil, a temperatura é geradora de algumas trincas em edificações.

Nesse artigo, selecionei algumas das principais trincas causadas pelo efeito da temperatura.

1. MOVIMENTAÇÃO TÉRMICA DE LAJE DE COBERTURA EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Por se tratar de uma laje geralmente exposta, a laje de cobertura é muito mais suscetível à dilatação térmica do que as lajes de piso. Perceba que mesmo as lajes protegidas por telhados ainda sofrerão os efeitos da energia solar, pois “parte da energia calorífica absorvida pelas telhas é reirradiada a laje, além de ocorrer através do ático de transmissão de calor por condução e convecção”.(THOMAZ, 1949)

Deve-se levar em consideração que a dilatação térmica da superfície superior da laje é maior do que a inferior, por se tratar de uma região exposta.

Sabe-se também que as tensões de origem térmica, tendem a zero nos pontos centrais, tendo seu crescimento em direção as bordas, onde atinge o seu máximo.

Construtivamente, é muito comum a restrição nos bordos das lajes, tornando um vínculo de terceiro gênero (engastado). Esse método construtivo impede a movimentação do elemento, restringindo sua dilatação e contração térmica.

Ao ser submetida a uma elevação de temperatura, a laje tenderá a dilatar de forma plana, deslocando suas extremidades. O fato é que ao dilatar, a laje levará consigo o elemento a qual está engastado (no caso é a alvenaria estrutural), provocando uma tensão de tração e cisalhamento na alvenaria. Essas tensões promovem o surgimento de trincas nas paredes, tipicamente como demonstrado nas figuras abaixo:

Nesses casos, apesar das fissuras se apresentarem majoritariamente desta forma, é possível acontecer trincas com configurações diferentes. Isso vai depender de alguns fatores, como; dimensões da laje; grau de restrição; presença de aberturas (portas e janelas). O fato é que a trinca sempre buscará o caminho mais frágil para surgir.

A imagem abaixo apresenta uma trinca causada pela dilatação térmica da laje onde devido as tensões atuando nos dois sentidos, o resultado foi uma trinca que buscou a quina de uma janela para orientar o sentido da sua abertura.

Nos últimos anos vem sendo utilizado um novo método construtivo para lajes de cobertura que libera os vínculos com os elementos de contorno. Por ser uma manifestação patológica muito comum em prédios com alvenaria estrutural, as construtoras passaram a não mais restringir a movimentação das lajes, deixando-as “livres” para dilatar. Essa solução construtiva evita esse tipo de trinca.

2. MOVIMENTAÇÃO TÉRMICA DA ESTRUTURA

É importante entender que em níveis de energia solar, a dilatação térmica de uma estrutura de concreto não é danificada, mas é comum o aparecimento de fissuras e trincas na edificação justamente devido a dilatação diferenciada.

Em se falar em dilatação de viga, apesar de não ser comum, e depender de alguns outros fatores, como qualidade dos materiais, execução e projeto adequado, é possível o aparecimento de trincas inclinadas no pilares, devido a movimentação da viga, como mostra a imagem abaixo.

Existe, no entanto, uma fissuração mais comum quando se trata de dilatação térmica dos elementos estruturais. Sabe-se que a movimentação térmica do concreto é até duas vezes maior do que a da alvenaria, e isso proporciona o surgimento de trincas por cisalhamento na união entre os dois elementos, como mostrado na figura abaixo.

Bem, a forma mais comum para evitar as trincas na união entre a estrutura e a alvenaria é a utilização de telas galvanizadas para suportar aos esforços de tração gerados pela dilatação.

3. MOVIMENTAÇÃO TÉRMICA EM MUROS EXTENSOS

Em função da dilatação térmica e da ausência de juntas de dilatação é comum o aparecimento de trincas verticais na ordem de 2 a 3 mm, ocorrendo a cada 5 metros, aproximadamente. Essa trinca pode correr nos encontros entre os elementos de estruturas e vedação ou mesmo no meio da alvenaria.

Devido ao vínculo restritivo entre a parede e o elemento de fundação, as trincas iniciam-se geralmente na base do muro, estendendo-se até o topo.

Caso a resistência da argamassa de assentamento seja maior que a da alvenaria, a trinca se comporta conforme a figura (a). Porém, se a resistência da alvenaria for maior, a trinca se comporta conforme a figura (b).

4. MOVIMENTAÇÃO TÉRMICA EM PLATIBANDA

Por se tratar de uma região exposta, a variação de temperatura tem maior amplitude, e por isso é mais suscetível à trinca. A imagem abaixo apresenta uma trinca no encontro da alvenaria e o elemento de estrutura (viga), que é uma manifestação patológica típica por movimentação térmica em platibandas.

5. MOVIMENTAÇÃO TÉRMICA EM PISOS EXTERNOS

Os efeitos patológicos em pisos estão diretamente relacionado com suas dimensões e cores, além da ausência de juntas de movimentação. O resultado desses fatores resulta na abertura de trincas ou mesmo no desplacamento do material de revestimento do piso.

Ao ser submetido ao calor, o revestimento sofrerá expansão térmica, sendo solicitado a compressão, devido ao vínculo com o material da base. E no caso do resfriamento, quando o revestimento tenderá a contrair, será solicitado à tração, e nesse caso, no momento em que as tensões solicitantes de tração forem maiores do que a resistência do material, o resultado é o aparecimento de fissuras regulamente espaçadas.

COMO EVITAR?

A melhor forma de evitar esse tipo de trinca é a execução de juntas de movimentação. Pois só assim é possível permitir a livre movimentação do material.

6. MOVIMENTAÇÃO TÉRMICA EM LAJE DE FORRO

Por fim, irei apresentar uma trinca bastante comum em lajes de forro. Da mesma forma que ocorre no primeiro caso deste artigo, a variação de temperatura nas lajes de cobertura, sendo elas protegidas ou não pelo telhado, são mais intensas do que em outras lajes.

Devido à dilatação e contração térmica diferenciada entre os elementos da laje (vigota e preenchimento) é comum o aparecimento de trincas nos encontros entre os elementos, caracterizando trincas longitudinais, com espaçamento regular.

Além desta configuração, é comum ocorrer trincas no encontro entre o forro e o elemento e a parede de contorno. Essas aberturas são vistas quando não há a execução de elementos de moldura ou soltura do forro no encontro parede-forro.

Bem, visto esses casos de trincas causadas por movimentação térmica, é crucial entender a importância das chamadas JUNTAS DE MOVIMENTAÇÃO, que são nada mais do que trincas controladas e previamente dimensionadas. O fato é que as juntas permitem a livre movimentação do material para que ele possa dilatar ou contrair, sem que com isso ocorra fissuração no elemento.


 THOMAZ, Ercio. Trincas em Edifícios: causas, prevenções e recuperção. 1949.

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