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Termografia na Inspeção Predial

Blog: Patologia da Construção
Termografia na Inspeção Predial

Você sabia que é possível utilizar a temperatura superficial dos materiais para inspecionar uma edificação? Isso mesmo, é muito usado a conhecida termografia, para analisarmos algumas ocorrências na construção. E, é sobre isso que irei tratar neste artigo.

Dentre as técnicas não destrutivas de detecção de vícios construtivos, a termografia tem sido utilizada amplamente. Na construção civil, a termografia é útil na identificação de infiltrações e defeitos construtivos; na manutenção de instalações elétricas e equipamentos mecânicos e; análise de desemprenho de isolamento térmico. Além disto, a termografia permite a visualização de elementos ou sistema construtivo com anomalias ocultas, que seriam impossíveis de serem visualizadas sem um equipamento específico ou um ensaio destrutivo (CORTIZO, 2007).

Fonte: (Raposo, 2017)

“Na construção civil, esta técnica tem sido empregada para a detecção de vazamentos, inspeção térmica de entorno de novas obras e testes térmicos para conservação de patrimônio histórico. Em síntese, as técnicas de termografia permitem a visualização da edificação, possibilitando a identificação da presença de elementos e anomalias ocultos” (CORTIZOI, BARBOSA e SOUZA, 2008).

A termografia por infravermelho permite a identificação e diagnóstico de algumas patologias construtivas. Com as imagens térmicas, é possível identificar patologias em diversos sistemas construtivos como: a perda de energia elétrica; falha no isolamento térmico; infiltrações em coberturas; umidade; vazamento em encanação hidráulica (RAPOSO, 2017).

“A termografia é uma maneira rápida, econômica e eficiente de detectar danos nas construções. Fissuras, deformidades e infiltrações são facilmente detectáveis por meio de uma análise qualitativa de uma imagem infravermelha que apresenta diferentes tons de cores. É possível também, enxergar tubulações de água e esgoto e drenos de ar-condicionado, verificando se há ocorrência de vazamentos. Também, é possível localizar elementos estruturais, informação extremamente útil, principalmente em edifícios antigos que não possuam o projeto de estrutura” (FLIR, 2016).

A maior vantagem do uso da termografia é que, diferente de outras técnicas, esta realiza o teste por área e não por pontos isolados, aumentando a produtividade da análise de uma região com maiores dimensões, como por exemplo em fachadas, lajes, forros e paredes.

A propagação do calor em um corpo com defeito (ou vício construtivo) é demostrada na figura abaixo. Nota-se que na figura (c) o defeito reflete e transmite parcialmente os pulsos de calor, o que é representado de forma heterogênea no termograma (HOLST, 2000).

Fonte: (HOLST, 2000)

Durante a avaliação de um termograma é esperado que o objeto apresente uma distribuição de temperatura uniforme. A presença de defeitos acarreta no processo de difusão de calor na região e, dessa forma, apresenta uma alteração no fluxo normal de calor. Esse processo pode ser captado no termograma, facilitando a detecção de possíveis pontos com avarias (TAVARES, 2006). A figura 15, apresenta o esquema que demonstra o termograma de uma estrutura com e sem defeito.

Fonte: (TAVARES, 2006) Apud ANDRADE,2000.

Importante mencionar que o termograma não traduz efetivamente as patologias de um elemento ou sistema, mas apenas a temperatura superficial. Essa função é de responsabilidade do inspetor ou engenheiro diagnóstico, que deve receber as informações termográficas e somar aos conhecimentos técnicos, sendo capaz de interpretar a ocorrência, ou não, de falhas.

Como os materiais possuem diferentes comportamentos térmicos, equipamentos para mensuração de gradientes térmicos auxiliam na localização dos elementos construtivos ocultos sob revestimentos, como pilares, vigas, vigotas ou vergas, ilustrando muitas vezes um esqueleto estrutural bem definido do imóvel, o que facilita a compreensão do seu funcionamento (TEIXEIRA e SANTOS, 2015). É possível identificar na figura abaixo as vigas dos pavimentos, pois a emissividade do concreto da viga e da alvenaria da parede são diferentes, tornando nítido a heterogeneidade no trecho.

Bem, a termografia é uma tecnologia incrível para auxiliar o engenheiro e o arquiteto no serviço de inspeção predial. Mas deve ser utilizada com conhecimento, pois caso contrário, os resultados podem ser equivocados e a interpretação sujeita a erros fundamentais. Fatores como localidade, orientação, clima e horário influenciam diretamente no resultado do termograma. 

 


REFERÊNCIAS

CORTIZO, E. C. Avaliação da técnica de termografia infravermelha para identificação de estruturas ocultas e diagnóstico de anomalias em edificações: ênfase em edificações do patrimônio histórico. Tese de Doutorado UFMG. Belo Horizonte. 2007.
CORTIZOI, E. C.; BARBOSA, M. P.; SOUZA, L. A. C. Estado da Arte da Termografia. Fórum Patrimônio: Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável, Belo Horizonte, v. 2, n. 2, ago 2008.
FLIR. (2016). 3 principais aplicações da análise termográfica. Acesso em 15 de set de 2017, disponível em FLIR: http://www.flir.com.br/home/news/details/?ID=80767
HOLST, G. (2000). Common Sense approach to thermal imaging. Winter Park, FL: JCD Publishing.
RAPOSO, N. M. R. Diagnóstico de Patologias na Construção Apoiada na Análise Termográfica. Dissetação de Mestrado, ISEL. Lisboa, 2017.
TAVARES, S. G. Desenvolvimento de uma metodologia para aplicação de ensaios térmicos não destrutivos na avaliação da integridade de obra de arte. Tese de Doutorado, Departamento de Engenahria Mecânica, UFMG. Belo Horizonte,2006.
TEIXEIRA, R.; SANTOS, D. C. Inspeção para compra de imóveis. São Paulo: PINI, 2015.

2 comentários para esse post

Henrique Crêspo Maceió

há 5 anos

Ótimo artigo . Gostaria de saber se tem algum curso online? Estou em Maceió e vejo que o presencial ficaria complicado

ABEL DO NASCIMENTO SOUSA São Luís

há 6 anos

Gostei do conteúdo, ótimas referências bibliográficas.

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