Umidade ascendente ou “mundialmente” conhecida como umidade em pé de parede é certamente uma das manifestações patológicas mais icônicas que vejo durante as vitorias.
Muitos cliente, alunos e colegas de profissão me questionam o porquê da presença de umidade na parte inferior das paredes, e qual o motivo dessa alta frequência na ocorrência desta manifestação.
A razão disto acontecer é similar ao foto da umidade subir no algodão quando coloca-se apenas uma ponta dentro da água.
Bem, para explicar esse fenômeno precisamos entender conceitos básicos de tensão superficial e capilaridade.
A capilaridade é um fenômeno físico que ocorre devido as tensões superficiais dos fluidos.
“Ao colocarmos uma das extremidades de um tubo capilar de vidro dentro de um recipiente com água, observa-se que a água sobe no tubo e entra em repouso a uma determinada altura acima da superfície da água no recipiente. Se ao invés de água utilizarmos mercúrio, observa-se que o nível de mercúrio dentro do tubo capilar se estabiliza a uma distância abaixo do seu nível no recipiente. No primeiro caso, diz-se ter ocorrido uma ascensão capilar e no segundo uma depressão capilar.” LCE0200
A água é um fluido que possui baixa tensão superficial, e por isso tem maior facilidade de ascender em um tudo capilar. Entenda que a tensão superficial é tão maior quanto maior for a coesão (força de atração entre as moléculas do fluidos).
Feito uma breve introdução sobre este fenômeno físico, fica mais fácil de entendermos, analogamente, que assim como o exemplo da água e o algodão, temos materiais porosos na construção civil e um solo geralmente úmido.
Ocorre que a água do solo devido a sua tensão superficial tenderá a ascender pelos poros capilares do concreto, argamassa e tijolos, pois são materiais porosos.
Este é um fenômeno inevitável. Porém, é possível criar uma barreira capaz de impedir que a umidade continue ascendendo para as alvenarias. Por isso é importante a impermeabilização das fundações e das vigas baldrames. Apensar não evitar o fenômeno, podemos impedir que ele penetre nos materiais.
Essa impermeabilização pode ser feita por diversos produtos de base cimentícia ou asfáltica. O importante é atender a critérios técnicos dos fabricantes e as boas recomendações e técnicas construtivas.
Um erro comum é a construção da alvenaria no limite da viga baldrame, fazendo com que o revestimento ultrapasse o limite da viga impermeabilizada. Isso poderá causar infiltração por capilaridade no contato direto entre o revestimento e o solo.
Mas se o erro já tiver sido cometido e o problema se manifestou, o que você pode fazer?
Bem, está é a pergunta de 1 milhão de dólares, pois a maior parte do serviço de engenharia está na correção de problemas que nem deveriam existir.
Antes de mais nada você precisa saber de uma coisa muito importante:
"Revestimento cerâmico não impermeabiliza parede, apenas esconde o problema enquanto ele evolui"
Caso a parede já esteja apresentando umidade e, prognosticamente, micro-organismos na parte inferior, você deve realizar, primeiramente, a extinção dos fungos e todos os micro-organismos presente naquele revestimento e na alvenaria.
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Remova todo o revestimento até chegar na alvenaria;
- Aplique solução de Hipoclorito de sódio (água sanitária), diluída em 50% com água e realize a limpeza da superfície.
- Deixe por 24 horas a solução na superfície
- Limpe água, até remover o excesso da solução
- Faça o revestimento argamassa com aditivo impermeabilizante (ex. Sika 1)
- Aplique um impermeabilizante argamassado, tipo argamassa polimérica (ex. Sika top123)
- Finalize com o revestimento final de sua preferência.
Entenda que a umidade se manterá dentro da alvenaria, mas esse processo evitará que ela se manifeste no revestimento, danificando pintura, moveis, causando eflorescência, fungos e descolamento cerâmico.
Claro que o ideal é a impermeabilização das fundações e do baldrame, mas em casos patológicos, é necessária uma medida tecnicamente e financeiramente viável, e essa é certamente uma excelente ação.
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